segunda-feira, 6 de abril de 2009

06/04/2009 – Naufrágio do Castor (Porto Seguro)


O intervalo de superfície desta vez foi curto, apenas 22 minutos, tempo de eu subir no barco, trocar o cilindro por um cheio, guardar as folhas de anotação com os censos do mergulho anterior, tomar uma água de coco e voltar para a água.

A água não estava tão boa quanto no mergulho anterior, mas estava muito boa da mesma forma ... começamos o mergulho pela proa do navio que está adernada rente ao recife, não haviam pontos de penetração na proa. Seguimos à meia nau, os paus de carga e mastros, exceto um deles que ainda é possível observar inclusive fora d’água (Foto 1), encontram-se deitados por sobre a carga de enormes tubos de ferro ou aço, não sei ao certo, neste trecho do naufrágio existem alguns pontos de penetração, todos com saída logo à frente e bem seguros ainda apesar do navio neste trecho já estar parcialmente desmantelado, uma pena eu não ter levado minha lanterna, teria sido bastante útil, mas a ousadia falou mais alto (não repitam isso, é perigoso) e fiz as penetrações assim mesmo, o que me permitiu ver alguns peixes que eu não teria visto se não tivesse ousado como um pequeno apogon (Apogon cf. americanus), as pescadinhas-de-pedra (Odontoscyon dentex) e o maior Anisotremus surinamensis que já vi, o bicho era parrudão mesmo, mas como ele estava arisco não conseguir chegar perto o suficiente para ter uma noção exata do seu tamanho. Passando onde antes era o primeiro porão, em baixo da casaria existem alguns pontos de penetração seguros e curtos, mas bem interessantes e com alguns corredores, mas todos eles interrompidos em algum ponto por chapas caídas ao longo dos anos no processo de desmatelamento que o navio vem sofrendo ... descemos para o eixo e lá estava a grande hélice coberta pelo octocoral Carijoa riseii em suas quatro pás ... subi pelo costado de estibordo até a casaria onde existem vários pontos de penetração, um deles inclusive dá acesso ao que eu creio seja a praça de máquinas do navio, porém não quis arriscar passar sem estar munido de lanternas e de carretilha para cabear meu percurso facilitando (permitindo) o meu retorno com segurança, fico devendo um mergulho aqui para conhecer este naufrágio ainda melhor por dentro. Dentre os restos da estrutura encontramos o banheiro, ainda com um vaso sanitário munido de tampas.

Neste mergulho observei nada menos que 51 espécies de peixes distintas, 17 à mais que no mergulho que fiz neste mesmo naufrágio no início de março ou final de fevereiro, não recordo ao certo, do ano passado.

Mais um excelente mergulho hoje que se dúvidas foi o melhor dia de mergulho que já tive em Porto Seguro.

O mergulho durou 57 minutos e por mim durava mais, mas tínhamos que retornar à enseada da Coroa Vermelha ainda durante o dia pois o Dive Star ainda navegaria até Porto Seguro já que este foi o último dia de trabalho desta campanha.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

Foto do navio logo após o afundamento, ainda com guindastes, mastro, chaminé, etc à mostra fora d'água (Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br/)

06/04/2009 – Recife do Navio (Porto Seguro)

Depois do mergulho anterior fiz um longo intervalo de superfície de 2:25h a bordo do Dive Star aguardando a subida dos demais mergulhadores e após isso navegando até o recife do navio onde fizemos o mergulho a seguir.

A água estava muito boa, não tão boa quanto no início do mergulho anterior mas muito boa e se manteve assim, diferente do ponto anterior onde a água acabou sujando um pouco ao final do mergulho. Neste mergulho fiz censos estacionários, como nos demais, ainda não foi possível analisar os dados, porém da para comentar que mais uma vez a maria-preta (Stegastes fuscus) foi uma das espécies mais observadas, e desta vez o sargentinho (Abudefduf saxatilis), os barbeiros (Acanthurus spp.), o Malacoctenus sp. e o budiãozinho (Halichoeres poeyi) estiveram bem representados em diversos censos.

Neste mergulho observei ainda um badejo (Mycteroperca bonaci) de aproximadamente 1,0m de comprimento, uma enorme taoca (Lactophrys trigonus) e a surpresa da avistagem de um gregório (Stegastes pictus). Observei também algumas anêmonas (Actinaria) bem estranhas, elas possuíam algo que eu creio sejam tentáculos marrons que inflados simulavam algumas algas ao redor dos minúsculos e finos tentáculos brancos que ficavam escondidos entre os tentáculos modificados (procurei nas referências e nos livros que tenho aqui sobre animais recifais e marinhos, mas em nenhum deles encontrei algo nem mesmo parecido com esta anemona), vi também uma lagosta neste mergulho (Panulirus sp.).

Mais um excelente mergulho hoje quem tem tudo para ser o melhor dia de mergulho que já tive em Porto Seguro.

O mergulho durou 85 minutos, o suficiente para eu fazer todos os censos necessários, desta vez eu fui o último a retornar para o barco e todos me esperavam ansiosos para iniciarmos o nosso fun dive no naufrágio do Castor que estava logo ali, em baixo de nós só nos esperando.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

06/04/2009 – Tacipanema (Porto Seguro)

Saímos de Coroa Vermelha um pouco atrasados hoje novamente, porém menos atrasado que ontem, não me recordo a hora, mas com meia hora de navegação às 09:43h eu já estava dentro d’água para iniciar o mergulho.

Hoje a água estava muito boa, foi o melhor mergulho em termos de visibilidade e também de riqueza de espécies de peixe ... do barco, no caminho já era possível observar o fundo, este é o segundo ano que venho mergulhar em Porto Seguro para esta mesma atividade, fiz ao todo uns 15 mergulhos nestes recifes, e não me recordo de nenhum destes mergulhos com visibilidade nem mesmo próxima a de hoje, especialmente no início do mergulho.

Neste mergulho consegui registrar a ocorrência de 41 espécies de peixes, e como já era de se esperar a maria-preta (Stegastes fuscus) e desta vez também o Haemulon aurolineatum e o barrigudinho (Pempheres schomburgki). Outras espécies que tiveram bastantes registros, mas que, porém não podem ser consideradas abundantes com base nos dados do RDC realizado foram o Haemulon parra, o budião-batata (Sparisoma axillare), o Anisotremus surinamensis e o crisurus (Mycrospathodon chrysurus), mas outros peixes como o budiãozinho (Halichoeres poeyi), o cirurgião (Acanthurus chirurgus), o barbeiro-azul (Acanthurus coeruleous) e o vermelho (Lutjanus alexandrei) também foram bem registrados.

O mergulho durou 62 minutos e eu fui o primeiro a retornar para o barco, aproveitei para trocar logo o cilindro que ainda estava na metade por um cheio para o próximo mergulho e deixar a área livre para o próximo que chegasse.

Neste mergulho o Saulo filmou um mero (Epinephelus itajara) de cerca de 1,5m por uns dois minutos, inclusive vendo a filmagem deu inclusive para observar o mero sendo limpo por um neon (Elacatinus figaro).

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

domingo, 5 de abril de 2009

05/04/2009 – Alagados (Porto Seguro)


Mais uma navegação relativamente longa ... e o sol “carcumendo” ... consegui fazer novamente um longo intervalo de superfície, desta vez um pouco mais longo, 1:20h de intervalo.

Caí na água às 15:13h e fiquei submerso por exatamente 1:00h realizando alguns censos estacionários, novamente a visibilidade não estava favorável, mas fizemos o nosso melhor ... mais uma vez a maria-preta (Stegastes fuscus) foi o peixe mais comum, porém outras espécies como o budiãozinho (Halichoeres poeyi) e o Haemulon aurolineatum foram registrados em boa parte dos censos realizados.

Quando subimos deste mergulho arrumamos os equipamentos e seguimos de volta à Coroa Vermelha ... antes de seguir viagem, logo que subi na embarcação uma viuvinha (Anous sp.) (Foto 1) utilizou o ombro do marinheiro Bizon como poleiro (Foto 2), ficando bem quietinha pousada ali, possibilitando algumas fotos, depois voou e vez ou outra retornava ao Dive Star onde pousava em diferentes lugares para descansar.

No retorno, já na Cora Vermelha, quando desembarcávamos do Dive Star à bordo de uma estrita bateira que nos levaria até a praia (uns 50m de distância) esta encheu de água e veio à pique comigo, Miguel e o índio Bené, felizmente a água tinha aproximadamente 1,30m de profundidade, nos molhando até a altura do peito apenas, ajudei Bené a subir a bateira e seguimos “andando”a te a praia, ensopados ... felizmente novamente, não trazíamos comigo nada que não pudesse molhar, exceto nossas únicas roupas secas ... tivemos que entrar encharcados no carro.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

05/04/2009 – Coroa Alta (Porto Seguro)

A navegação até a Coroa Alta Aul partindo de Inhangaba foi um pouco longa, o que deu para fazer um intervalo de superfície de 1:06h, e isso ótimo pois hoje vamos fazer três longos mergulhos.

Neste recife eu entrei na água às 12:48h para fazer um Rover Diver Census (RDC), mas acabei ficando mais tempo em baixo d’água que os 30 minutos do censo e só subi no barco às 13:43h, após 55 minutos de fundo em profundidade entre 2,0 e 13,5m ... durante o RDC registrei 24 espécies de peixes, sendo que apenas a maria-preta (Stegastes fuscus) pôde ser considerada abundante e o sargentinho (Abudefduf saxatilis) por pouco também não, por cerca de vinte registros ...

Quando chegamos neste recife um dos marinheiros do barco comentou que não era incomum encontrar algum tubarão-lixa (Gynglimostoma cirratum) nas grandes locas da parede deste recife, afirmando já ter visto mais de dois em uma única loca, acho que verifiquei todas as locas que consegui encontrar, ávido por encontrar o animal, mas infelizmente não tive a sorte de encontrar com nenhum.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

05/04/2009 – Inhangaba (Porto Seguro)


Saímos de Coroa Vermelha um pouco atrasados hoje, uma 9:15h, o tempo estava melhor que o dia anterior, choveu à noite, porém menos que no dia seguinte ... o mar estava aliso e aparentava estar com menos suspensão, mas a navegação seria longa e no nosso destino as condições podiam ser diferentes ... dito e feito, visibilidade estava péssima, uns 3 a 3,5 m no máximo de visibilidade horizontal, o que dificulta bastante o nosso trabalho, mas mesmo assim, a logística deste campo está complicada e muito restrita, ou tentamos ou não faremos este ponto ... decidimos fazer o melhor que conseguíssemos.

Caímos na água às 10:27h após um pouco mais de uma hora de navegação, hoje eu assumi o censo estacionário neste recife, uma tarefa bastante complicada uma vez que o raio de amostragem é de exatos 4 m, porém a visibilidade não permitia cobrir com exatidão esta área, em raros momentos consegui ver minha carretilha na extremidade do raio ... mas no final das contas deu certo e consegui fazer os censos programados.

Ainda não analisei os dados para traçar aqui algum comentário mais detalhado dos dados que foram coletados, mas posso falar um pouco das espécies observadas ... logo que desci dei de cara com uma belíssima moréia-pintada (Gymnothorax moringa) um banco de algas e os peixes que creio tenham sido os mais observados o sargentino (Abudefduf saxatilis) e a maria-preta (Stegastes fuscus).

Além dos peixes e dos invertebrados de costume observei neste mergulho uma belíssima planária.

O mergulho durou 75 minutos, a profundidade no topo do recife era de cerca de 3,1 m e no substrado do fundo de 14 m.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

sábado, 4 de abril de 2009

04/04/2009 – Araripe Norte (Porto Seguro)

O tempo de navegação entre os recifes Araripe Norte e Araripe Sul foi bem pequeno, coisa de poucos minutos, tempo inferior ao meu intervalo de superfície de 30 minutos.

Desta vez fiquei responsável por fazer o censo estacionário, fiz 61 minutos de fundo, o topo do recife estava a 3m enquanto que o substrato na área mais funda estava em 10,4m ... a água neste mergulho estava bem mais clara que nos mergulhos anteriores e já observamos aqui alguns peixes maiores ou então espécies comerciais como o badejo (Mycreroperca bonaci), os vermelhos (Lutjanus jocu, L.alexandrei e Ocyurus chrisurus) e as pinhanhas (Halichoeres brasiliensis), dentre algumas outras.

Saí do mergulho às 15:25h, fui o último a subir a bordo do Dive Star.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

04/04/2009 – Araripe Norte (Porto Seguro)

Depois de quase duas horas de intervalo de superfície, às 13:06h eu cai novamente no mesmo lugar, desta vez para fazer alguns censos estacionários que Camilo não pôde concluir com ar que lhe sobrava no cilindro, fiz mais 50 minutos de fundo onde pude observar outras espécies de peixes que não encontrei no mergulho anterior com o baiacu (Catigaster figueiredoi) e até mesmo um cardume de bonitos (Euthynus eleteratus), entre outras espécies.

A água neste mergulho já não estava mais tão limpa quanto no mergulho anterior, mas estava limpa o suficiente para observar os 4 m de raio do censo estacionário. Neste mergulho a profundidade máxima foi de 10,9 m.

No fundo de areia observei um belíssimo exemplar de Cerianthus dos tentáculos brancos, provavelmente da mesma espécie dos que observei também nos recifes de Porto Seguro.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.

04/04/2009 – Araripe Norte (Porto Seguro)


Saímos de Coroa Vermelha pouco antes das 9:00h, o tempo não estava muito bonito, choveu e ventou toda a noite, na estrada entre Porto Seguro e Coroa Vermelha nós vimos duas fragatas (Fregata magnificens) sobrevoando terra firme, fato que costuma acontecer quando em alto mar o tempo está feio, então esta ave em vem para o continente para se proteger, na maioria das vezes as avistagens destas estão associadas à chegada de fortes ventos ... pescadores do baixo sul e sul do estado da Bahia o conhecem por garapiá ou garapiá-de-leste ... voltando ao mar, foi uma hora e meia de navegação com vento de popa ajudando muito, chegando lá observamos um grupo misto de trinta-reis (Sterna sp.) e viuvinhas (Anous sp.) pescando em frente ao recife.

Bom, devido ao mau tempo, imaginávamos encontrar uma água suja, com bastante sedimento, porém a sorte não nos abandonou e encontramos uma água com pelo menos cinco metros de visibilidade ... a minha função neste mergulho é a de executar um Rover Diver Census (RDC), um método de amostragem (censo) não destrutivo que tem como finalidade além de listar as espécies observadas apontar a abundância simples destas espécies de acordo com uma escala em quatro categorias: Solitário, Alguns, Muitos, Abundantes.

Neste mergulho registrei 29 espécies, sendo a maria-preta (Stegastes fuscus) a mais abundante, seguida pelos barrigudinhos (Pempheres schomburgki), outra espécie com um número razoável de representantes foi o budiãozinho (Halichoeres poeyi).

Além dos peixes e dos invertebrados de costume observei neste mergulho uma belíssima planária.

O mergulho durou exatamente os 30 minutos do RDC mais os dois minutos para descer e dois para subir (34 min), a profundidade no topo do recife era de cerca de 3 m e no substrado do fundo de 12 m.

Estavam comigo em baixo d’água o Saulo Spanó, o Camilo e o Miguel Loiola.