domingo, 31 de outubro de 2010

31/10/2010 - Recifes de Itacimirim

Este mergulho já vinha sendo marcado a algum tempo por Bola que precisava fazer esta coleta de dados para o seu trabalho.

A intenção deste mergulho era fazer censos de peixes, porém a água não ajudou muito, estava com bastante suspensão e a visibilidade estava bastante comprometida, mas de qualquer forma foi um mergulho longo, ficamos na água das 12:45h até as 14:20h.

Observei pouco peixe, levei inclusive algum tempo mergulhando nsobre o recife, entre as algas para começar a ver ospeixes, os mais comuns foram alguns budiõezinhos (Hallichoeres poeyi) e donzelinhas (Stegastes variabilis), além de garriões (Labrissomus spp.) e um ou outro pequeno carangideo que eu acredito eram Carangoides bartholomaei que vez ou outra nos seguiam para saber o que faziamos alí.

Estavam também neste mergulho o Thiago Albiquerque, seu irmão e o Diego (Bola).

domingo, 17 de outubro de 2010

17/10/2010 - Maraldi

Segundo mergulho do dia e a na costa de Salvador pela Dive Bahia ... a água continuava show, impressionantemente transparente.

Após o intervalo de superfície de aproximadamente meia hora nós entramos na água por volta das 11:o0h, fui o último a entrar na água, deixei todos irem com calma e só então me equipei e fui para a água e mais uma vez fui o ultimo a sair da água por volta das 12:10h, mais uma vez mais de uma hora de mergulho entre os destroços do naufrágio do Maraldi, também conhecido como "Primeiro Navio da Barra".

Dentre os peixes a principal diferença entre os naufrágios do mergulho anterior (Germânia e Bretagne) e a deste naufrágio (Maraldi) é na quantidade e no tamanho dos indivíduos, além de pequenas alterações na composição. Neste naufrágio por exemplo não ví nenhum Gregório (Stegastes pictus), mas em compensação ví algumas donzelas (Stegastes variabilis), entre muitos outros peixes.

Mais um excelente mergulho.

Estavam também dentro d'água o Carlão (Dive Bahia) e o Jorge (Águas Abertas) além de alguns alunos do Jorge em treinamento.

17/10/2010 - Germânia & Bretagne

Mais um dia de mergulhos na costa de Salvador pela Dive Bahia ... a água estava show, impressionantemente transparente.

Entramos na água por volta das 09:20h e, o ultimo a sair, só saí da água por volta das 10:30h, foram mais de uma hora de mergulho entre os destroços dos dois naufrágios que se embolam/se misturam e fica sabendo saber quais destroços pertencem a quem.

Dentre os peixes muitos budiõezinhos (Hallichoeres spp.), marias-pretas (Stegastes fuscus), alguns poucos Gregórios (Stegastes pictus), sarampinhos (Amblycirhithus pinus), barbeiros (Acanthurus spp.), fogueirinhas (Myripristys jacobus), jaguaraçás (Holocentrus adscencionis), baiacíus (Sphoeroides spp. e Canthigaster figueiredoi), cromis (Chromys multilineata), entre diversas outras espécies de peixe, incluíndo uma relativamente grande (1,5m talvez) e gentil caramurú (Gymnotorax funebris), também conhecida por alguns como moréia verde.

Excelente mergulho.

Estavam também dentro d'água o Carlão (Dive Bahia) e o Jorge (Águas Abertas) além de alguns alunos do Jorge em treinamento.

sábado, 16 de outubro de 2010

16/10/2010 - Porto da Barra, Germânia, Bretagne e Cap Frio

Coral-mole (Neospongodes atlanticus)

Iniciamos o mergulho no Porto da Barra aproveitando a corrente de vazante que nos levaria para fora da baía de Todos os Santos passando pelo Farol da Barra, e se tivéssemos sorte poderíamos passar pelos naufrágios do Germânia e Bretagne, ou pelos nove âncoras ou pelo naufrágio do Cap Frio ...

A água estava mais limpa de sedimentos em suspensão que no Cavo Artemidi e por conseqüência, com melhor visibilidade, mas mesmo assim, devido a corrente de vazante muito sedimento havia sido levantado.

Descemos logo após as pedras do Porto da Barra, na região dominada pelos corais mole (Neospongodes atlanticus), local onde avistamos também algum lixo como pneus, garrafas, latas de cerveja e refrigerante, solas de sapato, tecidos, nylon e outros petrechos de pesca perdidos no fundo do mar ... a correnteza estava forte e os peixes passavam rápido dificultando a foto de alguns como o Gregório (Stegastes pictus) de quem eu fiz umas 15 fotos e nenhuma consegui focar, dois porquinhos-pintados (Cantherhi9nes macroceros), um badejinho (Alphestes afer) e outros, além de um octocoral (Carijoa riiseii) e uma reunião ou convenção de poliquetas-de-fogo (Hermodice carunculata).

pneu reef
Filamento de nylon enrroscado em um coral-de-fogo (Millepora sp.)

Dois porquinhos-pintados (Cantherhines macroceros) observados entre o Porto da Barra e o Farol da Barra.

Octocoral (Carijoa riiseii)

Reunião ou convenção de poliquetas-de-fogo (Hermodice carunculata)

Após 19 minutos de mergulho chegamos aos destroços dos naufrágios do Germania e do Bretagne, mas nossa passagem foi bem rápida e no máximo vi a sombra de três das caldeiras de longe, não ficamos nem seis minutos por cima dos destroços e a correnteza continuava a nos levar baía à fora, a esta altura já devíamos estar bem perto das pedras do Farol da Barra e os peixes continuavam a passar por nós como algumas cocorocas-amarelas (Haemulon squamipinna), algumas quatingas (Haemulon aurolineatum), borboletas (Chaetodon striatus), sargentinhos (Abudefduf saxatilis) que em alguns pontos guardavam os seus ovos, uma moréia-amarela-pintada (Gymnothorax milliaris) e um dragãozinho (Xyrichthys sp.) que ao me ver fugiu em disparada, mas consegui fazer uma fotinha dele (de costas :S).

Destroços dos naufrágios Germania e Bretagne

Gorgônia

Cocoroca-amarela (Haemulon squamipinna)

Borboleta (Chaetodon striatus)

de costas, fugindo, um dragãozinho (Xyrichthys sp.) ... a foto não está boa, mas não podia deixar de colocá-la aqui

Moréia-amarela-pintada (Gymnothorax milliaris)

Ainda próximo aos destroços dos naufrágios do Germânia e do Bretagne, passamos pelo que parecia ser uma enorme âncora com uma das unhas para cima, tentei fotografar, mas foi no trecho que a correnteza imprimiu maior velocidade e só consegui fazer uma imagem que infelizmente ficou totalmente fora de foco.

Para a nossa surpresa, 12 minutos após termos passado por cima dos destroços do Germânia e do Bretagne, chegamos ama parte dos destroços do naufrágio do Cap Frio, onde a água já apresentava uma quantidade maior de sedimento em suspensão. No Cap Frio a ictiofauna estava mais acanhada, além de uns Anisotremus moricandi e um ciliares (Holacanthus ciliaris), apenas alguns rufus (Bodianus rufus), barbeiros (Acanthurus spp.) e salemas (Anisotremus vurgunicus).

Um ciliares (Holacanthus ciliaris) que aparentemente passeava sobre os destroços do Cap Frio

Destroços do Cap Frio

Um rufus (Bodianus rufus) nos destroços do Cap Frio

Destroços do Cap Frio

Aos 53 minutos de mergulho, após termos passado por uma profundidade máxima de 12,5m, quando só restavam eu, Jomar e Léia na água, resolvemos pagar uma deco de segurança à deriva com a ajuda do deco mark de Jomar.

Uma salema (Anisotremus virginicus) observada já no finzinho dos destroços do Cap Frio, local onde finalizamos nosso mergulho

Léia, Jomar e o deco mark

Estavam comigo neste mergulho o Jomar, o Jorge (Águas Abertas), a Léia, o Pablo (Dive Bahia), um turista espanhol e outros mergulhadores que infelizmente eu não me recordo os nomes.

16/10/2010 - Cavo Artemidi

Não me recordo quando foi a ultima vez que eu fui ao naufrágio do cargueiro grego Cavo Artemidi, segundo a postagem aqui no blog foi dia 08/08/2008 ... me lembro que em uma das últimas vezes que tive por lá a proa do navio de 180m de comprimento já estava toda tomada pelo banco de areia e a profundidade máxima no hélice era em torno de 27m (um dia já fui a 31m neste naufrágio).

A pouco tempo recebi um e-mail da Tânia da Underwater relatando um mergulho feito neste naufrágio a dizendo que o navio estava sendo cada vez mais soterrado, que quase todo o leme já havia sido coberto e a profundidade máxima era em torno de 23m, uma mudança muito grande em tão pouco tempo ... em breve nosso querido Cavo Artemidi poderá estar completamente soterrado e escondido pelas areias do banco de Santo Antônio.

Saímos do Porto da Barra hoje por volta das 9:50h embarcados no Necton (Dive Bahia) em direção ao Cavo Artemidi, ainda no Porto a água parecia estar muito limpa, bem diferente do que havia visto na terça-feira, porém ao passarmos pelo Farol da Barra e sairmos da baía de Todos os Santos percebemos que a água já não estava mais toa limpa e também haviam bastante ondas por todo o trajeto.

Chegamos no local do naufrágio e o pessoal da Bahia Scuba, a bordo da embarcação Cruzeiro do Sul, entre eles o Genser Freire, o Gilson Galvão “Tuca” e o Ricardo, além dos mergulhadores a bordo que incluíam entre eles o Tiago Santa Ritta, já estavam no local e já haviam realizado um primeiro mergulho ... perguntei a Genser as condições da água e não fiquei muito surpreso, apesar de ter ficado um pouco triste (afinal a esperança é a última que morre), quando ele disse que a visibilidade estava variando entre 3 e 5m.

Nós nos equipamos e fomos para a água, o planejamento era o de consumir o ar até os 50 bar e só então retornarmos. Jomar e Léia fariam uma dupla e eu seguiria os dois fazendo um solo dive, mas tentando sempre manter-me perto deles.

Entramos na água às 11:15h. Enquanto descíamos pelo cabo percebemos que o que foi dito por Genser era verdade e que havia uma correnteza significativa no naufrágio.

Iniciamos o mergulho no Cavo na área onde antes estava instalado o casario, local onde o cabo havia sido amarrado, seguindo em direção à popa para de lá descermos em direção ao leme. Passamos por um monte de ferro retorcido e espalhado por todo canto que para mim, não só por conta da quantidade de suspensão na água, mas também pelo tempo que levei sem vir no naufrágio, não pareciam com nada que eu pudesse identificar, exceto pelos guinchos de popa.

Descemos então até o leme por boreste do naufrágio e no ponto mais profundo que consegui chegar à profundidade marcada em meu computador era de 23,5m, confirmando o que havia sido dito por Tânia se é que alguém duvidava da informação ... tentei fazer algumas fotos, mas a visibilidade não me permitia fazer fotos panorâmicas.

Nessa hora vi um mergulhador com a nadadeira igual a do Jomar indo já longe de mim em direção à proa, imaginando ser ele nem olhei em volta para confirmar e fui atrás ... apenas bem mais para a frente foi que percebi ser outra pessoa, mas ai já era tarde, com a visibilidade limitada do jeito que estava resolvi seguir no solo mesmo.

Enquanto nadava por boreste do Cavo Artemidi encontrei algumas pequenas colônias do invasor coral-sol (Tubastrea tagusensis) (Scleractinua: Dendrophylliidae), procurei mais em volta, mas encontrei apenas aquelas pequenas colônias, porém me recordei que a primeira vez que as vi elas estavam a bombordo, estranhamente o bordo do navio mais sujeita às correntes ... atravessei o navio de um lado ao outro e o que eu encontrei? Um mundo de colônias do invasor coral-sol, eram muitas colônias mesmo e em praticamente todo o bordo. Felizmente este coral invasor ainda não está sendo observados em outros pontos de mergulho do litoral baiano, mas acredito que isso seja só uma questão de tempo.

algumas das milhares de colônias do bioinvasor coral-sol (Tubastrea tagusensis) (Scleractinua: Dendrophylliidae) no naufrágio do Cavo Artemidi

Dentre os peixes observados entre as colônias tiveram recrutas de rufus (Bodianus rufus) e de cromis (Chromys multilineata), um sarampinho (Amblycirrhitus pinus), alguns Malacoctenus spp., e um amboré-vidro (Coryphopterus glaucofraenum).

Após 37 minutos de mergulho resolvi subir para me preparar para o próximo mergulho que ainda faria hoje.

Durante o mergulho, além dos peixes já citados e do invasor coral-sol, observei no Cavo Artemidi, entre outros (fica difícil lembrar todos já que hoje eu não fiz anotações durante o mergulho): crisurus (Mycrospathodon chrysurus), marias-pretas (Stegastes fuscus), donzelinhas (Stegastes variabilis), muitos sargentinhos (Abudefduf saxatilis) (alguns deles inclusive tomando conta de desovas), budiõeszinhos (Halichoeres poeyi), pinhanhas (Halichoeres brasiliensis), talassomas (Thalassoma noronhanum), salemas (Anisotremus virginicus), pargos (Anisotremus surinamensis), quatingas (Haemulon aurolineatum), cocorocas (Haemulon parra), budiões-vermelhos ou budiões-forquilha (Sparisoma frondosum) (inclusive alguns em terminal phase), parú (Pomacanthus paru), tricolor (Holacanthus tricolor), ciliares (Holacanthus ciliaris), jaguaraçás (Holocentrus adscensionis), fogueirinhas (Myripristis jacobus), barbeiros (Acanthurus bahianus), cirurgiões (Acanthurus chirurgus) e barbeiros-azuis (Acanthurus coeruleous), porco (Aluterus sp.), rêmora (Echeneidae), vermelho (Lutjanus sp.), jabús (Cephalopholis fulva) e algumas grandes e belíssimas garoupas mulatas (Paranthias furcifer).

Rufus (Bodianus rufus)

Cocoroca (Haemulon parra)

Tricolor (Holacanthus tricolor)

Parú (Pomacanthus paru)

Ciliares (Holacanthus ciliaris)

Sarampinho (Amblycirrhithus pinnus)

Cirurgião (Acanthurus chirurgus)

Rêmora (Echeneidae)

Porco (Aluterus sp.)

Após o mergulho, um grupo de cinco ou seis botos-do-estuário (Sotalia guianensis) caçavam a menos de 15m do barco (tentei até me aproximar deles em apnéia para fazer algumas fotos, mas eles não deixaram) ignorando inclusive os mergulhadores tanto do Cruzeiro do Sul quanto do Grauçá III que faziam o seu mergulho no naufrágio, e por nós passaram, além de alguns muitos trinta-réis (Sterna spp.), um atobá-pardo (Sula leucogaster).

Estavam comigo neste mergulho o Jomar, o Jorge (Águas Abertas), a Léia, o Pablo (Dive Bahia), um turista espanhol e outros mergulhadores que infelizmente eu não me recordo os nomes.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

12/10/2010 - Emissário Submarino do Rio Vermelho (Drift)

Este próximo mergulho estava marcado para acontecer nos corais de Ondina, onde faríamos um drift aproveitando a maré de enchente, porém preocupados com a visibilidade que poderia estar comprometida resolvemos procurar com os pescadores locais o ponto do Rebocador do Rio Vermelho para fazer o segundo mergulho neste ponto, mas as informações de dois destes pescadores não nos ajudariam muito, resolvemos rumar um pouquinho mais ao norte e cair na água ali mesmo, 37 minutos após o término do primeiro mergulho.

Estrela-do-mar fotografada no fundo do mar no Rio Vermelho

Caí na água às 11:37h esperando uma água não muito limpa, mas não deixei de levar a máquina comigo ... quem sabe não aparecia alguma coisa para fotografar?

O fundo no local era predominantemente coberto por areia, apresentando algumas pedras um pouco mais altas (1 a 2m de altura) como ilhas ao longo do trajeto, além de alguns restos de ferragens e outras estruturas que não consegui identificar da época da instalação do emissário submarino (1975). Enquanto seguíamos a deriva na fraca correnteza, passamos inclusive por sobre o emissário.

Emissário submarino do Rio Vermelho

De fauna, para a minha surpresa, muitos peixes, entre eles alguns grandes, como uma cioba (Lutjanus analis) com mais de 60cm, um pena (Calamus penna) com uns 30cm e uma grande quantidade de cirurgiões (Acanthurus chirurgus) com mais de 40cm de comprimento, além de uma moréia-pintada (Gymnotorax moringa) parruda. Nas zonas de areia, onde não haviam pedras, era fácil encontrar um budiãozinho-de-areia (Xyrichtys novacula), ou parado logo acima do substrato, ou apenas com a cabeça para fora da areia ... além deles vi também um Malacanthus plumieri nesta região de areia e um Serranus baldwini.

Moréia-pintada (Gymnothorax moringa)

Pena (Calamus penna)

Cioba (Lutjanus analis)

Budiãozinho-de-areia (Xyrichtys novacula)

Malacanthus plumieri

Nas ilhas de pedra predominavam os jabús (Cephalopholis fulva), foram vários, foi o peixe mais comum durante todo o mergulho.

Outros peixes que também observei neste mergulho: Halichoeres poeyi, H.penrosei, Acanthurus bahianus, A.coeruleous, Sparisoma axillare, Rypticus saponaceus, Holocentrus adscensionis, Cantherhines pullus, Chaetodon striatus, Haemulon steindachneri e Pareques acuminatus.

Jaguaraçá (Holocentrus adscensionis)

Às 12:20h, após aproximadamente 35 minutos de tempo de fundo e os 5 minutos de parada de segurança à deriva, nós terminamos o mergulho.

O Jomar foi meu dupla neste mergulho e devo ter dado um trabalho danado para ele pois como a água permitiu fazer fotos e durante o percursos foram muitos os peixes observados, cada hora eu tava em um lado diferente, mas sempre mantendo o Jomar à vista.

Gian guiando o grupo

Estavam comigo neste mergulho além do Jomar, o Gian, o Wil, o Pablo e outros mergulhadores os quais não me recordo o nome.

12/10/2010 - Galeão Sacramento

A muito tempo eu não mergulhava no naufrágio do galeão Santíssimo Sacramento, um naufrágio antigo, do século XVII, uma nau capitânea de aproximadamente 50m de comprimento quer jaz hoje em frente ao boêmio bairro do Rio Vernelho (Salvador, BA), a 36m de profundidade.

Como o casco do galeão era de madeira, e também devido ao avançado da idade do naufrágio, a estrutura externa da nau não é observada no mergulho, parte está soterrada e parte já se degradou, porém no local exato do naufrágio existe um amontoado de pedras que antes serviam de lastro para a embarcação e por sobre estas pedras e espalhado ao redor delas, alguns canhões e âncoras.

Âncora do Galeão Santíssimo Sacramento

Canhão do Galeão Santíssimo Sacramento

Mergulhar neste naufrágio é para mim especial, pois este é o único ponto da costa soteropolitana onde eu já observei algumas espécies de peixes, não que estes não ocorram em outros sítios, mas é engraçado que estes, eu pelo menos, na costa soteropolitana, só os vi aqui (apesar de já ter visto fotografias e relatos da ocorrência em outros pontos de mergulho), são eles: Equetus lanceolatus, Budianus pulchellus, Halichoeres dimidiatus, Ptereleotris randalli, Serranus baldwini, Centropyge aurantonotus, Chaetodon ocellatus e C.sedentarius ... destes, apenas o S.baldwini eu vi recentemente um exemplar no interior da baía de Todos os Santos, todas as outras vezes que vi este peixinho e outros dos que citei, no litoral baiano, quando não foi no Sacramento, foi em outras localidades, como Morro de São Paulo, Camamú, Porto Seguro e Abrolhos.

Bom, desde ontem à noite, sabendo que hoje iria mergulhar no Sacramento, preparei a câmera, me certifiquei que havia carregado a bateria e que esta estava no talo (full), formatei o cartão de memória após passar as fotos do último mergulho para o computador, etc., a fim de evitar qualquer imprevisto, pois até hoje, desde os meus primeiros mergulhos por lá munido com uma câmera (inicialmente com uma reflex Nikonos IV de filme), nunca consegui fazer uma foto que prestasse de nenhum destes peixes, neste naufrágio ... especialmente na época das fotos em papel, já perdi a conta de quantas fotos borradas/desfocadas do E.lanceolatus eu já fiz ...

Falando sobre o mergulho de hoje, saímos do Porto da Barra às 9:40h a bordo do Necton Sub, a praia estava lotada de gente, quase não conseguimos embarcar ... a água não aprarentava estar limpa, a quantidade de suspensão era visível fora d’água. O Jomar inclusive se lembrou da Léia dizendo: “É, a água hoje não está gatinha não!” ... de qualquer forma decidimos arriscar e zarpamos em direção ao naufrágio.

Ao sair da baía, passando por trás do Farol da Barra observamos que ondas estavam quebrando sobre o banco de Santo Antônio, um banco de areia imenso que está localizado na saída da BTS, sugerindo mais uma vez que não pegaríamos água limpa nos mergulhos de hoje, porém ao passarmos à zona de influência do banco de Santo Antônio, quando diminuíram as ondas e rumamos um pouco mais para o leste, a água aparentava estar um pouco mais limpa.

Caímos na água às 10:35h e como todos os mergulhadores que faziam parte do grupo já possuíam alguma experiência logo estávamos descendo sem perder tempo na superfície, fui o último do grupo a descer e fiquei surpreso ao perceber que a água estava com uns 10 a 15m de visibilidade vertical quando ainda aos 20m já estava vendo o fundo arenoso, algumas esponjas e pedras.

Chegamos ao fundo arenoso, mas foi só nadar mais uns 5m e chegamos ao naufrágio, logo em frente a um dos canhões onde vi pela primeira vez uma lagosta-vermelha-de-recife (Enoplometopus antellensis), um animal belíssimo, porém arisco e a única foto que onsegui fazer foi do animal já se escondendo em baixo das pedras de lastro do galeão.

Lagosta-vermelha-de-recife (Enoplometopus antellensis) se escondendo entre as pedras de lasto do naufrágio do Galeão Santíssimo Sacramento

Outro animal que vi logo ao me aproximar do naufrágio foi um tricolor (Holacanthus tricolor), um peixe que a muito tempo não via na costa de Salvador e antes era relativamente comum de se observar no Porto da Barra, Marco Polo e Yacht Clube, dentre outros pontos costeiros de Salvador, como me preocupei primeiro em fotografar a lagosta, as fotos do tricolor já foram feitas quando ele seguia o seu caminho para longe de nós mergulhadores.

Tricolor (Holacanthus tricolor) fugindo dos seres borbulhantes (mergulhadores)

Dos peixes que queria tanto ver neste mergulho, hoje eu não vi nenhum, os peixes que observei hoje foram: enormes cardumes de pescadinhas-de-pedra (Odontoscyon dentex) e fogueirinhas (Myripristis jacobus) que mesmo à luz do dia se mantinham confiantes fora das tocas e por vezes se aproximavam dos mergulhadores, vi também alguns sargentinhos (Abudefduf saxatilis), alguns cardumes de recrutas de cromis (Chromys multilineata) (não vi exemplares adultos desta epécie neste naufrágio hoje), barbeiros (Acanthurus bahianus e A.chirurgus), inclusive um A.bahianus sendo limpor por alguns recrutas de talassoma (Thalassoma noronhanum) (também não foram observados adultos desta espécie), rufus (Bodianus rufus), marias-nagô (Pareques acuminatus), um mangangá ou peixe-pedra (Scorpaena plumieri), borboletas (Chaetodon striatus), biquara (Haemulon plumieri), taoca (Acanthostracyon polygonia), amborés-vidro (Coryphopterus glaucofraenum), budião-batata (Sparisoma axillare), trilhas (Pseudupeneus maculatus), jaguaraçá (Holocentrus adscensionis), pinhanha (Halichoeres brasiliensis), jabús (Cephalopholis fulva) e alguns porquinhos (Cantherhines pullus).

Mangangá ou peixe-pedra (Scropaena plumieri)

Taóca (Acanthostracyon polygonia)

Cardumes de fogueirinhas (Myripristis jacobus)

Porquinho (Cantherhines pullus)

O naufrágio também apresentou colônias de corais de diversas espécies, como Porites sp., Montastrea cavernosa, Siderastrea stellatta, e outras, além do coral solitário Scolymia welsii (cálice-esmeralda), e de muitas esponjas, algumas enormes.

Cálice-esmeralda (Scolymia welsii)

O mergulho durou 15 minutos e então subimos até os 5m sem referência de cabo, mas com o auxilio do Decomark de Jomar, ficamos cumprindo nossa parada de segurança e enquanto o trmpo passava me lembrei de uma certa feita quando durante a parada dois bijupirás (Rachycentron canadum) nos acompanharam por todo o tempo, nadando ao nosso redor. Mas não foi desta vez que esta história se repetiu, às 11:02h já estávamos na superfície da água subindo no Necton Sub.

Jomar e o decomark

Estavam comigo neste mergulho o Gian, o Jomar, o Wil, o Pablo e outros mergulhadores os quais não me recordo o nome.