Hoje o nosso destino é na direção sul ... o vento soprava nordeste, baixo, deixando o mar mais liso tornando a navegação em direção ao sul mais confortável ... chegando no lugar o pau de carga do naufrágio do Castor (Foto 1) ainda fora d’água impressiona, nele milhares de trinta-réis (Sterna sp.) e alguns atobás-pardos (Sula leucogaster) descansam ou quem sabe até vigiam o navio que jaz ali no fundo do mar ...
Descemos do lado do pau de carga e chegamos a um dos porões do navio onde vi um enorme ponto de penetração, porém a turbidez da água não me encorajou em uma penetrada no naufrágio (eu nem mesmo estava munido de equipamentos adequados para tal aventura, mas que fiquei na vontade eu fiquei ...), seguimos então por boreste até a popa onde uma enorme hélice (Foto 2) ainda pode ser vista presa ao eixo (surpreendente e como diria Bizón o marinheiro: medonha), passamos para o bombordo e subimos para a popa do navio onde partes do casario ainda podiam ser visitadas, fiz inclusive uma penetração (não agüentei) em um salão que levava de um lado ao outro do casario ... desci mais uma vez o porão abaixo do pau de carga e segui em direção à proa e no caminho, passando pelos porões era possível ver parte da sua carga que era formada por muitos e enormes tubos, foi possível constatar também que os bordos do navio nestes porões já haviam a muito tempo colabados ... dois enormes mastros também podem ser observados caídos sobre o naufrágio (Foto 3), um deles ainda na diagonal e na proa o ponto exato onde ele ficou preso nos recifes ... além dos já relatado foi possível observar o leme, a chaminé caída a bombordo da popa, cabeços de amarração e buracos no casco onde um dia já teve uma escotilha.
Dentre os peixes dois badeos (Mycterperca bonaci), um pequeno, com no máximo 30 cm de comprimento residindo na popa e um bem maior com seus 8 kg ou mais em um dos porões do navio, muitos parús (Pomacanthus paru) (Foto 4) e frades (Pomacanthus arcuatus) também habitam o naufrágio além de barbeiros (Acanthurus baianus, A. chirurgus e A. coeruleous), budiões (Sparisoma axillare), marias-pretas (Stegastes fuscus), rufus (Bodianus rufus), cardumes de Chloroscombrus chrysurus (Foto 5) e de peixes-galo (Selene vomer) (Fotos 5 e 6) também foram vistos a meia água entre o casario e o pau de carga e nas cavidades naturais ou não ao longo da proa do naufrágio diversos gramas (Gramma brasiliensis) (Foto 7) ... dentre os invertebrados os que mais se destacam são as gorgônias e os octocorais Carijoa sp., enormes e ao longo de todo o casco.
Como este foi um mergulho para conhecer o naufrágio, logo após realizar este objetivo me dirigi ao recife adjacente para fazer alguns transectos.
No recife observei uma Maria-preta (S. fuscus) apresentando uma coloração atípica, como se estivesse desbotado, aparentando algum processo alérgico, não sei ... (Foto 8).
Estava comigo em baixo d’água o Saulo Spanó.
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