sábado, 16 de outubro de 2010

16/10/2010 - Cavo Artemidi

Não me recordo quando foi a ultima vez que eu fui ao naufrágio do cargueiro grego Cavo Artemidi, segundo a postagem aqui no blog foi dia 08/08/2008 ... me lembro que em uma das últimas vezes que tive por lá a proa do navio de 180m de comprimento já estava toda tomada pelo banco de areia e a profundidade máxima no hélice era em torno de 27m (um dia já fui a 31m neste naufrágio).

A pouco tempo recebi um e-mail da Tânia da Underwater relatando um mergulho feito neste naufrágio a dizendo que o navio estava sendo cada vez mais soterrado, que quase todo o leme já havia sido coberto e a profundidade máxima era em torno de 23m, uma mudança muito grande em tão pouco tempo ... em breve nosso querido Cavo Artemidi poderá estar completamente soterrado e escondido pelas areias do banco de Santo Antônio.

Saímos do Porto da Barra hoje por volta das 9:50h embarcados no Necton (Dive Bahia) em direção ao Cavo Artemidi, ainda no Porto a água parecia estar muito limpa, bem diferente do que havia visto na terça-feira, porém ao passarmos pelo Farol da Barra e sairmos da baía de Todos os Santos percebemos que a água já não estava mais toa limpa e também haviam bastante ondas por todo o trajeto.

Chegamos no local do naufrágio e o pessoal da Bahia Scuba, a bordo da embarcação Cruzeiro do Sul, entre eles o Genser Freire, o Gilson Galvão “Tuca” e o Ricardo, além dos mergulhadores a bordo que incluíam entre eles o Tiago Santa Ritta, já estavam no local e já haviam realizado um primeiro mergulho ... perguntei a Genser as condições da água e não fiquei muito surpreso, apesar de ter ficado um pouco triste (afinal a esperança é a última que morre), quando ele disse que a visibilidade estava variando entre 3 e 5m.

Nós nos equipamos e fomos para a água, o planejamento era o de consumir o ar até os 50 bar e só então retornarmos. Jomar e Léia fariam uma dupla e eu seguiria os dois fazendo um solo dive, mas tentando sempre manter-me perto deles.

Entramos na água às 11:15h. Enquanto descíamos pelo cabo percebemos que o que foi dito por Genser era verdade e que havia uma correnteza significativa no naufrágio.

Iniciamos o mergulho no Cavo na área onde antes estava instalado o casario, local onde o cabo havia sido amarrado, seguindo em direção à popa para de lá descermos em direção ao leme. Passamos por um monte de ferro retorcido e espalhado por todo canto que para mim, não só por conta da quantidade de suspensão na água, mas também pelo tempo que levei sem vir no naufrágio, não pareciam com nada que eu pudesse identificar, exceto pelos guinchos de popa.

Descemos então até o leme por boreste do naufrágio e no ponto mais profundo que consegui chegar à profundidade marcada em meu computador era de 23,5m, confirmando o que havia sido dito por Tânia se é que alguém duvidava da informação ... tentei fazer algumas fotos, mas a visibilidade não me permitia fazer fotos panorâmicas.

Nessa hora vi um mergulhador com a nadadeira igual a do Jomar indo já longe de mim em direção à proa, imaginando ser ele nem olhei em volta para confirmar e fui atrás ... apenas bem mais para a frente foi que percebi ser outra pessoa, mas ai já era tarde, com a visibilidade limitada do jeito que estava resolvi seguir no solo mesmo.

Enquanto nadava por boreste do Cavo Artemidi encontrei algumas pequenas colônias do invasor coral-sol (Tubastrea tagusensis) (Scleractinua: Dendrophylliidae), procurei mais em volta, mas encontrei apenas aquelas pequenas colônias, porém me recordei que a primeira vez que as vi elas estavam a bombordo, estranhamente o bordo do navio mais sujeita às correntes ... atravessei o navio de um lado ao outro e o que eu encontrei? Um mundo de colônias do invasor coral-sol, eram muitas colônias mesmo e em praticamente todo o bordo. Felizmente este coral invasor ainda não está sendo observados em outros pontos de mergulho do litoral baiano, mas acredito que isso seja só uma questão de tempo.

algumas das milhares de colônias do bioinvasor coral-sol (Tubastrea tagusensis) (Scleractinua: Dendrophylliidae) no naufrágio do Cavo Artemidi

Dentre os peixes observados entre as colônias tiveram recrutas de rufus (Bodianus rufus) e de cromis (Chromys multilineata), um sarampinho (Amblycirrhitus pinus), alguns Malacoctenus spp., e um amboré-vidro (Coryphopterus glaucofraenum).

Após 37 minutos de mergulho resolvi subir para me preparar para o próximo mergulho que ainda faria hoje.

Durante o mergulho, além dos peixes já citados e do invasor coral-sol, observei no Cavo Artemidi, entre outros (fica difícil lembrar todos já que hoje eu não fiz anotações durante o mergulho): crisurus (Mycrospathodon chrysurus), marias-pretas (Stegastes fuscus), donzelinhas (Stegastes variabilis), muitos sargentinhos (Abudefduf saxatilis) (alguns deles inclusive tomando conta de desovas), budiõeszinhos (Halichoeres poeyi), pinhanhas (Halichoeres brasiliensis), talassomas (Thalassoma noronhanum), salemas (Anisotremus virginicus), pargos (Anisotremus surinamensis), quatingas (Haemulon aurolineatum), cocorocas (Haemulon parra), budiões-vermelhos ou budiões-forquilha (Sparisoma frondosum) (inclusive alguns em terminal phase), parú (Pomacanthus paru), tricolor (Holacanthus tricolor), ciliares (Holacanthus ciliaris), jaguaraçás (Holocentrus adscensionis), fogueirinhas (Myripristis jacobus), barbeiros (Acanthurus bahianus), cirurgiões (Acanthurus chirurgus) e barbeiros-azuis (Acanthurus coeruleous), porco (Aluterus sp.), rêmora (Echeneidae), vermelho (Lutjanus sp.), jabús (Cephalopholis fulva) e algumas grandes e belíssimas garoupas mulatas (Paranthias furcifer).

Rufus (Bodianus rufus)

Cocoroca (Haemulon parra)

Tricolor (Holacanthus tricolor)

Parú (Pomacanthus paru)

Ciliares (Holacanthus ciliaris)

Sarampinho (Amblycirrhithus pinnus)

Cirurgião (Acanthurus chirurgus)

Rêmora (Echeneidae)

Porco (Aluterus sp.)

Após o mergulho, um grupo de cinco ou seis botos-do-estuário (Sotalia guianensis) caçavam a menos de 15m do barco (tentei até me aproximar deles em apnéia para fazer algumas fotos, mas eles não deixaram) ignorando inclusive os mergulhadores tanto do Cruzeiro do Sul quanto do Grauçá III que faziam o seu mergulho no naufrágio, e por nós passaram, além de alguns muitos trinta-réis (Sterna spp.), um atobá-pardo (Sula leucogaster).

Estavam comigo neste mergulho o Jomar, o Jorge (Águas Abertas), a Léia, o Pablo (Dive Bahia), um turista espanhol e outros mergulhadores que infelizmente eu não me recordo os nomes.

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